Lá estava o andarilho, com os pés calejados de tanto andar por aí, descansando de mais uma caminhada em antigos caminhos.
Por um acaso, os dois se encontraram. E o andarilho resolveu começar a andar por aquela estrada nova apenas para ver como era.
E se viu deixando pegadas e rastros, marcas e perfumes pelo caminho.
Descobriu que o caminho era feliz, próspero, bonito, promissor, puro de vitalidade e liberdade, "impossível existir estrada mais perfeita!" Mas a vida não é completamente perfeita como queremos (e nem deve ser), e a estrada tinha apenas um obstáculo... lá na frente.. um desafio para quem quisesse continuar nela. Tratava-se de um buraco que deveria ser atravessado, saltado, superado. O andarilho não teve coragem de enfrentá-lo, ou ao menos não conhecia a coragem que poderia ter, então mudou de estrada.
A nova estrada, com uma belíssima placa de boas vindas, mas um caminho por inteiro cheio de pedras, rodeado por penhascos, longas subidas e pequenas descidas que nem ao menos serviam para descansar. O andarilho quase caiu diversas vezes em seus barrancos, tropeçou outras inúmeras em suas pedras. A velha estrada tentou emprestar uma ponte "saia daí, esse caminho não vai te levar a lugar nenhum!", o andarilho recusou "Não, vou tentar mais um pouco!". A velha estrada, abandonada então, resolveu mudar seu curso e foi para outro canto.
O andarilho, cansado de tropeçar e andar sem rumo, lembrou-se do quanto era bom caminhar pela antiga estrada, e percebeu então que estava longe demais daquela que o levaria a um caminho feliz. Tentou pegar um atalho para voltar, lhe jurou que esperaria o buraco ser tapado ou que tentaria construir uma ponte para atravessá-lo, mas cada vez que o andarilho se reaproximava, a estrada ia para mais longe. Não acreditava mais no andarilho, não acreditava mais nessas pessoas que viviam pulando de esquina em esquina, que deixavam seu perfume pelo caminho e quando menos se esperasse, desapareciam em busca de novos caminhos, e quando menos se esperasse novamente, apareciam misteriosamente para continuar sua caminhada como se nada tivesse acontecido, não era o primeiro andarilho que o fazia, mas ela queria que fosse o último.
O andarilho disse então do quanto sentia falta de caminhar calmamente por aquele asfalto perfeito, aquele caminho agradável e tranquilo, esperaria o tempo que fosse para que a antiga estrada reabrisse as portas. Isso fazia com que a estrada ganhasse um caminho ainda mais longe do andarilho.
A promessa do andarilho, não durou poucos meses e tão logo e cheio de impulso como tudo em sua vida, ele encontrou uma nova estrada para andar. E simplesmente esqueceu daquela antiga estrada pela qual prometeu esperar eternamente. E quem garante ate quando ele ficará nesse novo caminho? Andarilhos são sempre tão imprevisíveis e a velha estrada estava agora de portas abertas para aquele que quisesse caminhar por ela, parar em um de seus acostamentos, sentar ali e assistir com ela a um tranquilo por do sol antes de superar seu único obstáculo e encontrar com ela o tesouro da felicidade em seu horizonte. Será que haverá um bravo homem capaz ou estas trilhas estão cheias de andarilhos buscando por aventura e novidade?
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