Quando somos obrigados a encarar um novo grupo, descobrimos que nossas pequenas diferenças fazem toda a diferença.
De repente gostar de rock te transforma num frequentador de cemitérios, adorador do demônio, preconceituoso com outros estilos musicais e te restringe a apenas ser fã de heavy metal e ouvir "rock pesado", ser vegetariano te transforma num chato que não pode comer nada, fumar um baseado te transforma num drogado.
E não me isento desta culpa de ter alguns conceitos prontos na minha mente (e nem você, todo mundo tem, infelizmente, você sabe!) mas fico feliz de ter quebrado alguns tantos outros. :)
Mas durante a vida, temos que sair e entrar em diversos grupos, destes grupos, algumas pessoas ficam e outras vão... como se passássemos um punhado de açúcar numa peneira, todo o açúcar se vai e os cubinhos maiores ficam. Saímos da escola, fomos para a faculdade, colocamos mais um punhado de açúcar na nossa peneira. Encontramos um emprego, e... mais um punhado de açúcar...e nossos amigos, aqueles que se encaixam perfeitamente nas nossas diferenças, vão ficando, adoçando nossa vida. Aqueles que entendem que um dia você vai querer ficar em casa e que no dia seguinte você pode querer usar todas as horas do seu dia. Aqueles que ficam dias sem falar conosco, e voltam com saudades e o mesmo sentimento de amizade de antes, ou aqueles com quem falamos todos os dias e o assunto nunca acaba. Aqueles que se encaixam na nossa vida e nos dá vontade de nos encaixar na vida deles.
Entrei na faculdade e ganhei amigos que vem ficando mesmo 5 anos depois, simplesmente porque morávamos perto e descobrimos que tínhamos tanto em comum... A faculdade me trouxe um emprego, e o emprego me trouxe amigos que vem ficando por mais dois anos simplesmente porque gostávamos de comer coxinha no centro, e de tanta coisa em comum, os dois anos parecem cinco. Eu vivi a vida, e vivendo ganhei amigos que vem ficando por dez anos, simplesmente porque não gostávamos da mesma banda em comum e anos depois, nos vimos juntos sentados na beira da praia falando da vida. Continuei vivendo e ganhei amigos que vem ficando por nove anos, porque éramos adolescentes e gostávamos da mesma banda de rock, e mesmo depois dos anos terem passado, dos gostos terem mudado, continuamos amigos porque nossas semelhanças nos une e nossas diferenças nos faz aprender e abrir a mente.
Sou uma pessoa tão afortunada, que alguns destes amigos que ficaram na minha peneira, mesmo não tendo a mesma origem, mesmo tendo outras diferenças entre si, um dia se encontraram, em alguma festa minha de aniversário, e amigos ficaram também. Sou tão afortunada que consegui criar uma família de amigos.
Mas um dia resolvi jogar tudo para o alto e vir para o outro lado do oceano. E aprendi que quando se sai de um emprego, os amigos de verdade continuam lá, quando se larga um curso, os amigos de verdade continuam lá, mas quando se vem para longe... os amigos continuam lá, mas não aqui... E aqui vou seguindo, por muitas vezes me sentindo invisível enquanto a vida e as pessoas correm ao meu redor
Quando eu era mais nova, minha mãe me dizia que eu tinha que parar de chamar todo mundo de "amigo", e eu entendo hoje o porque... aqui eu aprendi que fazer amigos... meu amigo... não é fácil.
Não é fácil começar uma turma do zero, não é fácil se encaixar numa turma pronta, não é fácil encontrar alguém com as mesmas singularidades que você, ou com a paciência necessária para entender e aceitar suas diferenças. Não é fácil. Não está sendo fácil. Fácil é conhecer gente, fácil é encontrar pessoas nos bares, fácil é adicionar contatos novos no Facebook, mas carregá-los para o resto da vida, não é. Amizade é uma conexão de almas, uma conexão de corações e esse encaixe não é tão fácil quanto eu achava que fosse.
Sei que eles estarão me esperando quando chegar o dia da minha volta, mas só meu coração sabe o quanto eu queria que eles estivessem aqui comigo agora...
Nenhum comentário:
Postar um comentário